A Toyota anunciou em abril de 2022 que iria fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, a primeira fora do Japão e uma das mais antigas do Brasil. A decisão faz parte de um processo de reestruturação da montadora, que busca mais sinergia e competitividade entre suas unidades produtivas no interior de São Paulo. A mudança foi feita de forma gradual até 11 denovembro de 2023 e prevê a manutenção de emprego dos cerca de 500 funcionários que trabalham na operação do ABC.
A fábrica de São Bernardo do Campo foi inaugurada em 1962 e produzia componentes para a linha de motores em Porto Feliz, que servem aos modelos Etios, Yaris e Corolla, além de exportar peças para os Estados Unidos, para a montagem do motor do sedã Camry. A unidade também foi responsável pela fabricação do lendário Toyota Bandeirante, uma versão nacional do Land Cruiser, que saiu de linha em 2001.
Com o fechamento da fábrica da Toyota no ABC, o estado de São Paulo acumula nos últimos anos anúncios de encerramento de três fábricas de veículos. Antes da montadora japonesa, a Ford e a Mercedes-Benz também decidiram sair da região, que já foi o berço da indústria automobilística nacional. A Ford vendeu sua fábrica em São Bernardo do Campo para a Caoa e deixou de produzir carros no país. A Mercedes-Benz fechou sua unidade em Iracemápolis, que foi vendida para a chinesa Great Wall Motors.
O cenário reflete as dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo no Brasil, que sofre com a crise econômica, a pandemia de covid-19, a falta de insumos e a alta carga tributária. Segundo dados da Anfavea, a associação de fabricantes de veículos, em 2021, pela primeira vez na história, o estado de São Paulo não liderou as vendas de veículos no país, cedendo o posto a Minas Gerais e amargando uma queda de 8%.
A Toyota, porém, afirma que continua apostando no mercado brasileiro e que o fechamento da fábrica no ABC não significa uma redução de investimentos ou de capacidade produtiva. A empresa diz que vai concentrar suas atividades nas três fábricas que mantém no interior paulista: Indaiatuba, onde produz o Corolla sedã; Porto Feliz, onde fabrica motores; e Sorocaba, onde monta o Etios, o Yaris e o Corolla Cross, o novo SUV da marca.
A empresa também anunciou recentemente um investimento de R$ 1 bilhão na fábrica de Sorocaba, para a produção de um novo modelo compacto, que deve ser lançado em 2022. O projeto faz parte de um plano de R$ 10 bilhões que a Toyota anunciou em 2019, para o período de 2019 a 2023, visando o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias para o Brasil e a América Latina.
A Toyota afirma que o fechamento da fábrica no ABC é uma decisão estratégica e que não tem relação com o ambiente político ou econômico do país. A empresa diz que respeita a história e a importância da região para o desenvolvimento da indústria automotiva nacional e que continuará contribuindo para o crescimento do setor e do Brasil.
