NOVIDADES - 10 de junho de 2025
Foto: Divulgação/Anfavea

Queda no varejo de veículos leves liga alerta na indústria automotiva

Queda de 2,9% no varejo de veículos leves preocupa montadoras, apesar do crescimento nas vendas diretas e atacado. Descubra os desafios do setor automotivo em 2025.

Por: Pablo Medeiros
Compartilhe

Venha fazer parte do nosso grupo do Whatsapp e receba em primeira mão as notícias do momento!

Clique aqui

Apesar do crescimento nas vendas diretas e nos números gerais, o setor automotivo brasileiro enfrenta um cenário desafiador no varejo de veículos leves para consumidores finais. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revelou que o segmento sofreu uma retração de 2,9% de janeiro a maio de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. O resultado atinge especialmente os modelos produzidos no Brasil, cuja queda no varejo foi ainda mais acentuada, chegando a 8,3%.

Vendas Diretas Sustentam o Setor

Enquanto o varejo desacelera, o desempenho geral do segmento de veículos leves, surpreendentemente, apresenta crescimento de 6,1%. O número total de licenças subiu de 929,7 mil em 2024 para 986,1 mil neste ano, impulsionado exclusivamente pelas vendas diretas — transações realizadas com grandes empresas, como locadoras de veículos, taxistas, pessoas com deficiência (PcD) e produtores rurais.

“O crescimento nas vendas diretas tem segurado o balanço positivo, mas não podemos ignorar que os veículos nacionais, incluindo os flex, estão perdendo espaço no mercado interno”, afirmou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet.

Os Impactos do Varejo e dos Veículos Eletrificados

Outro destaque dentro do setor automotivo é a rápida ascensão dos veículos eletrificados. Estes modelos, em sua maioria importados, principalmente da China, já dominam 10,4% da participação de mercado, um recorde histórico para a categoria.

A retração no varejo, segundo a Anfavea, é atribuída principalmente a três fatores econômicos:

  1. Alta dos juros: A elevação da taxa Selic impacta os financiamentos de veículos, tornando as mensalidades mais caras.
  2. Aumento do IOF: A cobrança mais alta do Imposto sobre Operações Financeiras diminui ainda mais o poder de compra do consumidor final.
  3. Aumento da inadimplência: Segundo a entidade, a inadimplência para a compra de veículos está em 5% para pessoa física e 3% para pessoa jurídica, complicando novas concessões de crédito.

Os números são ainda mais alarmantes nos financiamentos realizados com CPF. Dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Fomento (Anef) indicam que a inadimplência para as pessoas físicas já alcançou 5,7%.

Calvet ressaltou a confiança em uma possível revisão do aumento do IOF pelo governo federal nas próximas semanas, mas foi cético sobre a melhora imediata da situação dos juros ou da inadimplência no curto prazo.

Locadoras Ganham Destaque no Atacado

Em contrapartida à queda no varejo, as vendas no atacado seguem aquecidas graças ao apetite das locadoras de veículos. Em maio, as vendas para frotistas registraram um crescimento expressivo de 13,7% em relação a abril, com 56,3 mil unidades negociadas contra 49,5 mil no mês anterior. A participação desse segmento no mercado total também aumentou, passando de 24% em março para 25% em abril e atingindo 26% em maio.

Segundo Calvet, “as locadoras têm sido o principal motor das vendas no atacado, ajudando na recuperação do mercado como um todo, apesar dos desafios no varejo”.

O Alerta da Fenabrave

A preocupação com a queda no varejo e os reflexos das medidas econômicas também foi endossada pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A entidade apontou que as altas taxas de juros e as restrições de crédito não apenas limitam a capacidade de compra dos consumidores, mas também colocam toda a cadeia de distribuição sob pressão.

Além disso, a Fenabrave destacou que eventuais reduções no IOF pela esfera governamental são necessárias para evitar um cenário de retração ainda mais sério no curto prazo.

Perspectivas e Desafios para a Indústria

Embora o crescimento nas vendas diretas e no segmento de eletrificados traga um alívio momentâneo para as montadoras, a queda no varejo de consumidores finais não pode ser ignorada. A dependência crescente das locadoras e do setor frotista preocupa, pois diminui a diversificação da base de clientes e pode gerar desafios no longo prazo, caso esses segmentos entrem em desaceleração.

A Anfavea e a Fenabrave concordam que, para recuperar o fôlego, será necessário um esforço conjunto entre governo e setor privado para melhorar os indicadores econômicos que impactam os consumidores. Sem isso, os sinais de alerta no varejo devem continuar se intensificando.

IOF e juros no Brasil Setor automotivo 2025 Varejo de veículos Veículos eletrificados Vendas diretas de veículos
Compartilhe

COMENTÁRIOS:

Nenhum comentário foi feito, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Vídeos em alta