Queda de 2,9% no varejo de veículos leves preocupa montadoras, apesar do crescimento nas vendas diretas e atacado. Descubra os desafios do setor automotivo em 2025.
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Apesar do crescimento nas vendas diretas e nos números gerais, o setor automotivo brasileiro enfrenta um cenário desafiador no varejo de veículos leves para consumidores finais. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revelou que o segmento sofreu uma retração de 2,9% de janeiro a maio de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. O resultado atinge especialmente os modelos produzidos no Brasil, cuja queda no varejo foi ainda mais acentuada, chegando a 8,3%.
Enquanto o varejo desacelera, o desempenho geral do segmento de veículos leves, surpreendentemente, apresenta crescimento de 6,1%. O número total de licenças subiu de 929,7 mil em 2024 para 986,1 mil neste ano, impulsionado exclusivamente pelas vendas diretas — transações realizadas com grandes empresas, como locadoras de veículos, taxistas, pessoas com deficiência (PcD) e produtores rurais.
“O crescimento nas vendas diretas tem segurado o balanço positivo, mas não podemos ignorar que os veículos nacionais, incluindo os flex, estão perdendo espaço no mercado interno”, afirmou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet.
Outro destaque dentro do setor automotivo é a rápida ascensão dos veículos eletrificados. Estes modelos, em sua maioria importados, principalmente da China, já dominam 10,4% da participação de mercado, um recorde histórico para a categoria.
A retração no varejo, segundo a Anfavea, é atribuída principalmente a três fatores econômicos:
Os números são ainda mais alarmantes nos financiamentos realizados com CPF. Dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Fomento (Anef) indicam que a inadimplência para as pessoas físicas já alcançou 5,7%.
Calvet ressaltou a confiança em uma possível revisão do aumento do IOF pelo governo federal nas próximas semanas, mas foi cético sobre a melhora imediata da situação dos juros ou da inadimplência no curto prazo.
Em contrapartida à queda no varejo, as vendas no atacado seguem aquecidas graças ao apetite das locadoras de veículos. Em maio, as vendas para frotistas registraram um crescimento expressivo de 13,7% em relação a abril, com 56,3 mil unidades negociadas contra 49,5 mil no mês anterior. A participação desse segmento no mercado total também aumentou, passando de 24% em março para 25% em abril e atingindo 26% em maio.
Segundo Calvet, “as locadoras têm sido o principal motor das vendas no atacado, ajudando na recuperação do mercado como um todo, apesar dos desafios no varejo”.
A preocupação com a queda no varejo e os reflexos das medidas econômicas também foi endossada pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A entidade apontou que as altas taxas de juros e as restrições de crédito não apenas limitam a capacidade de compra dos consumidores, mas também colocam toda a cadeia de distribuição sob pressão.
Além disso, a Fenabrave destacou que eventuais reduções no IOF pela esfera governamental são necessárias para evitar um cenário de retração ainda mais sério no curto prazo.
Embora o crescimento nas vendas diretas e no segmento de eletrificados traga um alívio momentâneo para as montadoras, a queda no varejo de consumidores finais não pode ser ignorada. A dependência crescente das locadoras e do setor frotista preocupa, pois diminui a diversificação da base de clientes e pode gerar desafios no longo prazo, caso esses segmentos entrem em desaceleração.
A Anfavea e a Fenabrave concordam que, para recuperar o fôlego, será necessário um esforço conjunto entre governo e setor privado para melhorar os indicadores econômicos que impactam os consumidores. Sem isso, os sinais de alerta no varejo devem continuar se intensificando.
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