Montadoras tradicionais acionam governo contra chinesas por suspeita de dumping; BYD e GWM negam

RESUMO POR IA

A Anfavea, representando 25 montadoras no Brasil, anunciou planos de solicitar ao MDIC uma investigação por dumping contra fabricantes chinesas que vendem veículos importados no país, alegando distorção concorrencial por preços abaixo do mercado de origem. Em resposta, BYD e GWM, que lideram vendas de elétricos e preveem iniciar produção local ainda em 2024, negaram as acusações, afirmando cumprir normas internacionais e legislação brasileira, enquanto destacaram investimentos em fábricas no Brasil (BYD na Bahia e GWM em São Paulo) e criticaram as rivais por tentativas de “esconder falta de competitividade”.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) confirmou, nesta segunda-feira (27), que as montadoras instaladas no Brasil devem solicitar ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a abertura de uma investigação por *dumping* contra empresas chinesas que comercializam veículos importados no país. A informação, divulgada inicialmente pelo *Estadão*, aponta que os estudos sobre possíveis práticas desleais estariam em estágio avançado.

Em nota assinada pelo presidente Márcio de Lima Leite, a entidade, que representa 25 montadoras, evitou detalhes, mas afirmou: “A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças”. A medida visa analisar se as chinesas estariam vendendo veículos a preços abaixo do praticado em seus mercados locais, o que poderia distorcer a concorrência.

Resposta das chinesas: investimentos e negação
BYD e GWM, líderes em vendas de veículos eletrificados no Brasil e com planos de iniciar produção local ainda neste semestre, reagiram às acusações. A GWM, que prepara a inauguração de sua fábrica em Iracemápolis (SP), destacou em nota: “Vê a ação com tranquilidade, pois segue estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira”. A empresa ressaltou o aumento no ritmo de contratações para iniciar a produção de carros eletrificados no primeiro semestre de 2024.

Já a BYD, que constrói um complexo industrial em Camaçari (BA) — o maior fora da China —, negou veementemente as suspeitas: “Negamos categoricamente qualquer prática de *dumping*. Nosso foco está em oferecer produtos sustentáveis e alinhados às normas de mercado”. A empresa ainda criticou as montadoras tradicionais: “A BYD é agora uma empresa brasileira, comprometida com a inovação. Alguns concorrentes tentam esconder a falta de competitividade com artimanhas”.

Contexto do mercado
O movimento ocorre em um momento sensível para o setor. Enquanto as chinesas ampliam participação com preços agressivos e foco em eletrificação, as tradicionais montadoras do Brasil pressionam por políticas que protejam a indústria local. A BYD e a GWM, ao anunciarem produção nacional, buscam reduzir custos de importação e fortalecer a imagem de compromisso com o país.

Especialistas apontam que a possível investigação pelo MDIC pode acirrar a disputa, principalmente em um ano em que o governo federal discute incentivos para veículos limpos. Enquanto isso, o consumidor aguarda para ver se a guerra comercial trará mudanças nos preços ou no ritmo da transição para a eletromobilidade.

Com informações de Cleide Silva/Estadão

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