A Cummins Inc., em parceria com a Vale e a Komatsu, anunciou na segunda-feira (23/06) o comissionamento bem-sucedido de uma nova célula de teste de combustível a etanol em sua planta em Seymour, Indiana (EUA). Esse marco representa um avanço significativo no Programa Dual Fuel, iniciado em julho de 2024, que visa adaptar motores diesel de caminhões de mineração Komatsu, com capacidade de 230 a 290 toneladas, para operar com até 70% de etanol, reduzindo emissões de CO₂ em até 70%. Os testes com o motor QSK60 continuarão até 2026, quando começarão as avaliações em campo nas instalações da Komatsu. A iniciativa reforça o compromisso das três empresas com a descarbonização da mineração, aproveitando a infraestrutura existente e a expertise brasileira em biocombustíveis.
Detalhes do Programa Dual Fuel
Anunciado em julho de 2024, o programa foca na retrofitação de motores diesel Cummins QSK60 (usados em caminhões Komatsu 830E e 930E) para operar com uma mistura de etanol e diesel. Esses caminhões, os primeiros do porte a utilizar etanol, têm carga útil de 230 a 290 toneladas e são essenciais nas operações de mineração da Vale, que consomem 15% do diesel da empresa, sendo os maiores emissores de CO₂ de Escopo 1. O projeto alinha-se às metas da Vale de reduzir 33% das emissões de Escopo 1 e 2 até 2030 e alcançar neutralidade de carbono até 2050.
A nova célula de teste de baixo carbono em Seymour é equipada para testar motores de 38 a 95 litros, garantindo precisão nas medições de emissões e segurança no armazenamento de combustíveis alternativos. O motor QSK60, com 60 litros e até 2.700 hp, é adaptado para operar com até 70% de etanol, reduzindo emissões de dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado, enquanto mantém desempenho e produtividade comparáveis aos motores diesel tradicionais.
Luke Mosier, líder de Programas de Inovação da Cummins, destacou: “Os sistemas bicombustíveis etanol/diesel oferecem até 70% de descarbonização, permitindo que mineradoras usem a infraestrutura existente, aproveitando frotas, instalações e equipes atuais.”
Vantagens do Projeto
A escolha do etanol como combustível alternativo é estratégica, dado que o Brasil é o segundo maior produtor mundial, com 27 bilhões de litros em 2024, segundo a UNICA. A rede de fornecimento consolidada no país facilita a adoção, reduzindo custos logísticos. O projeto permite:
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Redução de até 70% nas emissões de CO₂ em comparação com caminhões diesel puros.
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Manutenção da infraestrutura existente, sem necessidade de novos caminhões.
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Compatibilidade com operações atuais, garantindo confiabilidade e eficiência produtiva.
José Baltazar, diretor de Engenharia de Operações de Mina e Usina da Vale, afirmou: “Eliminar o diesel é essencial para nossas metas de descarbonização. Aplicar essa solução à frota existente é uma forma eficiente de avançar, mantendo o foco na confiabilidade.”
Declarações das Lideranças
Ricardo Alexandre, vice-presidente de Mineração da Komatsu Brasil, enfatizou: “Esse projeto é um passo significativo para tecnologias de transição na mineração brasileira. A combinação de etanol e diesel oferece resultados concretos no curto prazo, aprofundando a confiança entre Komatsu, Vale e Cummins.”
Dan Funcannon, vice-presidente sênior de Transporte de Superfície da Komatsu, completou: “Essa iniciativa é uma tecnologia-ponte crucial para apoiar as metas de descarbonização de curto prazo da Vale, promovendo soluções escaláveis para a mineração sustentável.”
Carlos Medeiros, vice-presidente executivo de Operações da Vale, reforçou: “O etanol é uma prioridade para reduzir o diesel em nossas operações, mantendo a excelência operacional.”
Cronograma e Testes
Os testes com o motor QSK60 começaram em 2024 e continuarão até 2026 na planta de Seymour, focando em:
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Eficiência do motor com diferentes proporções de etanol (até 70%).
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Redução de emissões (CO₂, NOx, particulados).
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Durabilidade e desempenho em condições extremas, como altitudes elevadas e temperaturas altas, comuns em minas brasileiras.
As avaliações em campo estão previstas para 2026 nas instalações da Komatsu, possivelmente na Arizona Proving Grounds (EUA) ou em minas da Vale no Brasil, como Carajás (PA). A retrofitação será implementada em caminhões 830E AC e 930E, que representam 40% da frota de transporte da Vale.
Impacto no Setor
O projeto é o primeiro do mundo a utilizar etanol em caminhões de mineração de grande porte, reforçando a liderança do Brasil em biocombustíveis. A UNICA estima que a adoção de etanol na mineração pode reduzir 2 milhões de toneladas de CO₂ anuais no setor até 2030. Além disso, a iniciativa fortalece a cadeia de etanol no Brasil, que emprega 1,2 milhão de trabalhadores diretamente, segundo o Ministério da Agricultura.
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