Manaus-AM | No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Casa Fiat de Cultura tem abordado as reverberações desse movimento nas expressões artísticas e culturais do país. No dia 19 de abril,…
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Manaus-AM | No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Casa Fiat de Cultura tem abordado as reverberações desse movimento nas expressões artísticas e culturais do país. No dia 19 de abril, às 19h, será a vez de entender a relação entre o modernismo e a chegada da psicanálise no Brasil, na palestra virtual “Arte e inconsciente: influências do pensamento freudiano no movimento modernista”. A psicanalista, ensaísta, escritora e crítica de arte Bianca Coutinho Dias vai mostrar como o movimento, que revelou novas maneiras de pensar o mundo e propôs inovações em linguagens estéticas, foi influenciado pelas teorias de Freud. O evento é online e gratuito, com retirada de ingressos pela Sympla.
A palestra vai abordar a relação entre as teorias de Freud e as transformações artísticas dessa época, bem como a contribuição do modernismo para a ampla aceitação da psicanálise freudiana em terras brasileiras. Na virada do século 19 para o 20, o Brasil vivia um momento de intensas transformações, com uma mudança da economia rural para a industrialização, além de revoluções no campo do pensamento. Um novo projeto de nação ecoava em todo o país, e artistas e intelectuais ajudavam a buscar o que seria uma nova identidade brasileira. Nesse contexto, a psicanálise passa a ser vista como uma forma de compreender e discutir questões nacionais. “Para a psicanálise, a questão da identidade dialoga muito com o espírito moderno e com o descentramento do eu. Em psicanálise, não se fala em unificação, mas em como podemos pensar num solo comum, onde todas essas questões se encontram”, analisa a psicanalista Bianca Coutinho Dias.
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a adotar o freudismo. A teoria começou a ser discutida no continente simultaneamente às principais cidades europeias. Desde muito cedo, o próprio Sigmund Freud estabeleceu contato com médicos e intelectuais latino-americanos, em especial brasileiros, argentinos, chilenos e peruanos. E se, em 1899, Juliano Moreira, professor catedrático na Faculdade de Medicina de Salvador, era o primeiro brasileiro a citar artigos científicos de Freud, pouco tempo depois, Oswald de Andrade foi o primeiro modernista a conhecer as ideias de Freud, em uma viagem à Europa, em 1910. “Ao repensar a questão da dependência cultural do país, no Manifesto Antropófogo, ele cria um texto com claras influências do pensamento freudiano”, explica Bianca. “A forma como Oswald realçava a contradição da formação cultural brasileira era uma maneira de abrigar no seio do manifesto o conflito próprio do moderno que Freud sustentava também em sua obra”, completa.
Mário de Andrade foi outro modernista que se debruçou sobre os textos do psicanalista alemão. A questão do sujeito pode ser vista em seus trabalhos, em especial na coleção de poemas “Paulicéia Desvairada”, que chega a citar a expressão meu inconsciente – uma das teorias freudianas. Além dos escritores, Bianca Coutinho vai falar sobre as obras de Ismael Nery e Flávio de Carvalho. “A crítica de arte vem estudando a psicanálise não como uma de aplicação à arte, mas como algo que pode ser lido com essas manifestações artísticas. Não se trata portanto de uma interpretação literal ou de colocar os artistas no divã. A descoberta do inconsciente é anterior, mas podemos dizer que a psicanálise é fruto de um processo moderno mundial: ela está ligada ao espírito desse tempo e surge dessas inquietações”, reflete. “A Semana de 22 e o modernismo foram um ponto dentro da ideia de modernidade”, finaliza.
A palestra “Arte e inconsciente: influências do pensamento freudiano no movimento modernista” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Usiminas, e co-patrocínio do Grupo Colorado. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, do Governo de Minas e do Governo Federal, além do apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e do Instituto Usiminas.
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