Opinião - 15 de junho de 2021

O índio, a selva e o barco!

Caros leitores, digníssimas leitoras: na semana passada, o digníssimo presidente da Argentina  referiuse aos cidadãos mexicanos e brasileiros como “indígenas” e “selvagens”, respectivamente. A nossa primeira impressão foi: Ufa! Histórico…

Por: Redação
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Caros leitores, digníssimas leitoras: na semana passada, o digníssimo presidente da Argentina  referiuse aos cidadãos mexicanos e brasileiros como “indígenas” e “selvagens”, respectivamente. A nossa primeira impressão foi: Ufa! Histórico de presidentes esdrúxulos não é algo exclusivo só do Brasil! O que, num primeiro momento, nos deu um certo alívio…

Mas depois entrou aquele conceito de pai: “… peraí…o meu filho até pode ser feio, MAS SÓ “EU” POSSO CHAMÁ-LO DE FEIO…”

E aí nos perguntamos: “quem é a Argentina na fila do pão?”

OK… eles são muito melhores do que a gente quando falamos em: Alfajor; doce de leite; churrasco (às vezes) e vinhos (neste último, o pessoal da Randon vem dando o troco para a gente).

Mas, entrando na nossa seara (o setor automotivo), voltamos ao questionamento:

QUEM É A ARGENTINA NA FILA DO PÃO?

E aí o que fizemos? Primeiramente, levantamos os dados de produção de veículos dos três países na última década:

Quando falamos de fabricantes  de veículos – mundialmente-, notamos que, enquanto o mundo vinha num crescimento de 2011 até 2018, a produção de veículos na Argentina vinha caindo tanto quanto o Vasco. OK, o ano de 2020 foi “um ano atípico”; mas um comparativo do ano de 2020 sobre 2011, mostra que a Argentina registrou queda (em uma década) de quase 70% na produção de veículos; o Brasil apresentou retração de 41%; e o mercado Mexicano cresceu 19%, enquanto o mundo se retraiu 3%.

A produção de veículos na Argentina corresponde por apenas 0,3% da produção Global de veículos (ou seja, praticamente nada, ou então, seriam considerados aquela nossa “perda fabril”, que existe em qualquer negócio). O México é detentor de 4% da produção Global; enquanto os tupiniquins representam quase 3%.

O interessante em analisarmos esses dados é termos um panorama de como cada país se destaca no mercado global de veículos. E aí fizermos um comparativo da produção com o volume de vendas. E encontramos aqui, os três tipos clássicos do mercado automotivo.

MÉXICO

O mercado mexicano é aquilo que gostaríamos de ser! Ele é um exportador nato de veículos! A sua indústria é voltada para o mercado exterior (entenda-se Estados Unidos). Na teoria, em cada 3 carros fabricados no México, apenas 1 fica no mercado doméstico.

BRASIL

Em teoria, o mercado interno brasileiro é autossuficiente. É como se todos os carros produzidos aqui ficassem para o mercado interno. O que é interessante pelo tamanho do mercado consumidor brasileiro, mas ser um “México” seria economicamente mais interessante.

ARGENTINA

Bem, se temos um mercado plenamente “exportador” como o do México, um auto suficiente como o Brasileiro, lógico que o que falta é ter aquele mercado que é uma bomba… Ou seja, não consegue atender o mercado interno e, logicamente, nem o externo!

De cada 100 carros vendidos na Argentina, eles só possuem capacidade de atender 78. A diferença tem que ser importada.

Em resumo, no setor automotivo o México vai goleando tanto a Argentina quanto o Brasil. Já o mercado brasileiro, não é assim nenhuma “Brastemp”, mas vai indo. Já lá na Argentina, vocês podem comprar o doce de leite deles, sem medo! Parece que os selvagens e os indígenas sabem remar melhor do que aqueles que vieram de barco…

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante
É economista, trabalha no setor automotivo há 14 anos e atua como consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva.

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