O piloto francês Jean Rédélé era filho do dono do concessionário Renault da cidade de Dieppe, na região da Normandia, na França. Seu pai, Emile Rédélé, já tinha em seu…
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O piloto francês Jean Rédélé era filho do dono do concessionário Renault da cidade de Dieppe, na região da Normandia, na França. Seu pai, Emile Rédélé, já tinha em seu currículo o trabalho na equipe Renault de competição na época da Primeira Guerra Mundial, e graças a sua competência foi convidado pelos dirigentes da própria Renault para criar a revenda da marca.
Por isso, Jean cresceu no meio automobilístico e logo já participava de todas as competições regionais com um Renault 4CV preparado, carinhosamente conhecido no Brasil como “Rabo Quente”, por possuir motor e câmbio dispostos na parte traseira do veículo, uma novidade em solo nacional na época. Nas palavras do jovem Jean Rédélé, “competir é a melhor maneira de testar carros de produção, e a vitória é a melhor ferramenta para vende-los”. Uma ótima visão de marketing para a época.
Dispondo de todo o aparato de ferramental e mecânica da concessionária do pai, Jean foi se especializando na preparação desse seu Renault 4CV de corrida, e, em meados de 1954, já esboçava produzir seu próprio esportivo de competição, utilizando a mecânica da Renault, que ele já conhecia tão profundamente.
Para isso, procurou o designer italiano Giovanni Michelotti, que concretizou em formas, no papel, como seria o esportivo que Jean Rédélé sonhava. Inicialmente, dois protótipos foram encarroçados pela empresa italiana Allemano, baseado no Renault 4CV e batizados de Spéciale. Para tornar ainda mais concreto o seu sonho do esportivo francês, pouco tempo depois foi iniciada uma parceria entre ele e os irmãos Chappe, encarroçadores conhecedores profundos da arte do trabalho com fibra de vidro e poliéster, para a fabricação das novas carrocerias que seriam utilizadas pelo carro desenhado por Michelotti, praticamente com desenho definitivo dos primeiros Alpine A106, esse sim o modelo dos sonhos de Rédélé.
Satisfeito com o resultado final, Jean Rédélé fundou em 25 de junho de 1955 a Societé des Automobiles Alpine (o nome Alpine é oriundo de uma prova de rali do automobilismo francês, realizada nos arredores dos alpes, na qual Rédélé foi campeão com seu 4CV). Uma empreitada grande, que em breve resultaria em excelentes frutos.
A ligação inevitável entre Renault e Alpine
A história de criação da Alpine sempre foi ligada à Renault. Jean Rédélé corria com a marca Renault desde o início da sua carreira de piloto, e seu pai, Emile Rédélé, também tinha fortes ligações com a fabricante francesa. Desde o início da criação da S.A.A (Societé des Automobiles Alpine), os modelos da marca sempre utilizaram mecânica Renault, que Jean trabalhava para melhorar ainda mais sua tecnologia.
Esse “namoro” entre a Renault e a Alpine iniciou-se com a criação da marca de esportivos francesa. Em meados dos anos 60, e com o lançamento de modelos mais avançados, o namoro rendeu à Alpine um “noivado” com a Renault: os trabalhos foram ficando cada vez mais sérios, e o intercâmbio de tecnologias foi crescendo. Na prática, a consagração desse noivado veio com várias vitórias da marca Alpine utilizando a consagrada e resistente mecânica Renault por todo o mundo, sempre aperfeiçoada, mais resistente e potente para as utilizações esportivas.
Em 1968, houve o real “casamento” entre essas duas marcas francesas de prestigioso renome internacional. A Renault assumiu o controle acionário da Alpine, e esta passou a ser seu braço esportivo, trabalhando com carros para as competições nas pistas de corrida, ralis, na neve, provas de subida de montanha, nas ruas, entre outras formas de corridas pelo mundo. Além do intercâmbio tecnológico, a Renault assumiu também a fábrica da Alpine em Dieppe, que além dos Alpine, passou a produzir também versões esportivas e de competição dos modelos Renault ao longo das décadas (como por exemplo o 5 Alpine Turbo, Clio V6, Megane RS, Clio RS, entre outros).
Em 1976, outro passo importante dado pela Renault no desenvolvimento de tecnologias esportivas foi a aquisição da empresa especializada na engenharia de trem de força Gordini, que era chefiada pelo famoso preparador de origem italiana Amedée Gordini (que residia na França), especializado no desenvolvimento e aprimoramento dos conjuntos motor/câmbio que eram utilizados pelos Renault desde meados dos anos 50. Assim, esse casamento saiu fortalecido: a Alpine desenvolvendo carrocerias, chassi, suspensões, direções e freios, enquanto a Gordini trabalhava fundo no desenvolvimento dos motores e das transmissões. Dessa união certeira, surgiram os Fórmula Renault, Fórmula 3 e Fórmula 2 durante os anos 70.
Além disso, a dupla Alpine/Gordini também foi responsável pela criação e desenvolvimento do primeiro Fórmula 1 da Renault, batizado de RS01 (Renault Sport 01), que estreou no Campeonato Mundial em 1977 pilotado por Jean-Pierre Jabouille com uma grande tecnologia: foi a primeira equipe a utilizar turbocompressor na categoria, e que três anos depois foi seguida pela totalidade do grid, afinal todas as equipes aderiram aos motores turbo, uma tecnologia utilizada até hoje na Fórmula 1.
Primeiro carro da Alpine, o A106 foi o pioneiro dentre vários sucessos em 1955
O trabalho de Rédélé foi tão significativo e promissor que, em outubro de 1955, a marca Alpine e seu primeiro modelo, o A106, eram apresentados oficialmente no Salão do Automóvel de Paris, como uma grata surpresa para o mundo automobilístico.
As três primeiras unidades do Alpine A106 eram pintadas nas cores da bandeira francesa (azul, branco e vermelho), e foram apresentadas ao então presidente da Renault França, Pierre Dreyfus, que recebeu a novidade com muito entusiasmo. Nascia assim para o mundo a marca Alpine, que faria fama pelo segmento dos esportivos e nas competições, que se transformaria na marca consagrada que é hoje.
Equipado com motor de 747 cm³ oriundo do Renault 4CV, o Alpine A106 era oferecido com três níveis de potência: 21 hp, 30 hp (aumento graças aos elementos de preparação da Alpine), e uma versão superesportiva de 43 hp (com alto desenvolvimento de componentes de alimentação, escapamento e comando de válvulas, também frutos da Alpine para o mundo das competições).
Na transmissão, além do câmbio manual de três marchas do 4CV, os A106 poderiam ser equipados opcionalmente com uma caixa de cinco velocidades, desenvolvida pela Alpine, dando ainda mais brilho ao pequeno esportivo que pesava ao redor de contidos 540 kg. No início de 1957, ficava pronto em Turim, na Itália, o A106 com carroceria conversível, que até então era disponibilizado somente no formato coupé. Esse inédito Alpine sem capota foi também desenhado por Giovanni Michelotti e encomendado por Rédélé à encarroçadora italiana Allemano.
A origem do nome A106 vem da sua fabricante (Alpine), e o número 106 seguia os códigos de homologação do 4CV e suas gama de versões (1060, 1062 e 1063). Nas competições, o Alpine A106 brilhou: entre outras, podemos destacar a vitória na famosa prova Mille Miglia de 1956, sendo pilotado por Jean Claude Galtier e Maurice Michy. Tendo sua produção encerrada em 1959, o Alpine A106 teve 251 unidades fabricadas.
Alpine A108 chegou para modernizar
Seguindo o mesmo conceito mecânico e construtivo do A106, a versão A108 era uma evolução desse primeiro. Ao invés de ter sua mecânica baseada no Renault 4CV, como no primeiro Alpine, o novo modelo, apresentado em 1958, utilizava toda a mecânica do Renault Dauphine, com preparação Gordini (um preparador italiano radicado na França e especializado na elaboração dos propulsores Renault).
Além do motor de maior capacidade, com 845 cm³ ao invés dos 750 cm³ do A106, a mecânica possuía sistemas de suspensões independentes nas quatro rodas, com molas helicoidais e amortecedores telescópicos, além de caixa de direção tipo Pinhão e Cremalheira, e sistema de freios hidráulicos de maior capacidade.
Além da mecânica mais avançada, o Alpine A108 contava também com um chassi de aço guarnecido por uma carroceria de fibra de vidro e poliéster, com design novamente do italiano Giovanni Michelotti, agora auxiliado por Phillipe Charles. Vale lembrar que o A108 foi lançado já com duas versões de carroceria: coupé e conversível.
Mas a grande surpresa ainda estava por vir. Em 1960, no Salão do Automóvel de Paris, a Alpine apresentou ao mundo a versão batizada de Berlinette Tour-de-France, um hatch agressivo que passou a ser utilizado principalmente nas pistas de competições em todo o mundo, e que posteriormente ficou conhecida apenas como Berlinette.
Aqui no Brasil, o carro foi lançado em 1962 com nome de Berlineta, e tinha como sigla principal Willys Interlagos. Seu desenho foi tão feliz que bastava olhar seu visual para saber que aquelas linhas haviam nascido para a velocidade, quer seja nas pistas de corridas ou nas estradas. Por aqui, os Alpine A108 (com o nome de Willys Interlagos), também nasceram junto com o Renault Gordini, um Dauphine equipado com câmbio sincronizado de quatro marchas e motor 845 cm³ de 32 hp. Todos esses fatores contribuíram para que o Alpine A108 fosse um veículo tecnicamente superior ao A106 que ele veio substituir.
Aqui no Brasil, o Alpine A108, ou Willys Interlagos, foi produzido pela Willys-Overland do Brasil até 1966, quando a matriz da Ford nos EUA adquiriu o controle acionário da Willys-Overland e paralisou a fabricação do Alpine A108 como estratégia de futuros lançamentos da marca. O Alpine A108 produzido na França foi fabricado até o início de 1961, e, assim como o A106, conquistou diversos prêmios tanto em competições de rua quanto em ralis, provas de subidas de montanhas, entre outros tipos de competição automobilística.
Alpine A110: o sucesso que colecionou vitórias
Com design semelhante ao do A108 mas com uma traseira ligeiramente maior, que comportava o novo motor Renault de cinco mancais no virabrequim e capacidade cúbica aumentada para 1.100 cm³, o Alpine A110 mostrou-se um carro perfeito tanto no quesito performance quanto na resistência mecânica e robustez construtiva. Ele parecia o A108, mas era ainda mais resistente e veloz.
Agora, sua mecânica original baseava-se naquela utilizada pelo Renault R8, com suspensões independentes nas quatro rodas, câmbio de quatro marchas sincronizadas e o robusto (e novo) motor Renault com cinco mancais, com exatos 1.108 cm³, e que aqui no Brasil foi lançado no Corcel 1.300 em 1968, e que acabou sendo conhecido como CHT e fabricado até meados dos anos 90 por outras grandes fabricantes, provando assim a perfeição do projeto Renault, que conciliava um bom torque desde os baixos regimes de rotações até um consumo de combustível contido, uma de suas características mais importantes.
Além desse propulsor 1.1, o Alpine A110, durante sua carreira mercadológica de sucesso, recebeu diversos outros propulsores, sempre oriundos da Renault (dos modelos R12, R16 e R17), com potências que variaram dos 60 cv no 1.100 cm³ de lançamento até os 127 cv (ABNT) do propulsor 1.605 cm³.
Outra inovação do Alpine A110 foi a substituição da transmissão de quatro velocidades por uma de cinco velocidades, tornando ainda mais marcante a performance desse pequeno esportivo que pesava ao redor dos 706 kg. Em meados dos anos 70, a Alpine desenvolveu, para alguns motores do A110, um sistema de alimentação que substituía o carburador por uma injeção mecânica, cujo objetivo era sempre melhorar a performance sem que houvesse um aumento no consumo de combustível. Esse sistema de alimentação foi precursor das injeções eletrônicas, que começaram a surgir no início dos anos 80.
Aqui no Brasil, três unidades do Alpine A110 foram importadas, sendo uma para uso de rua e as outras utilizadas pela Equipe Willys de Competição em várias provas, vencendo corridas importantes dos circuitos brasileiros e conquistando até uma dobradinha na edição de 1967 das Mil Milhas Brasileiras.
No cenário internacional, o Alpine A110 foi tão importante que, além de ser produzido na fábrica da Alpine em Dieppe, na França, esse pequeno foguete foi fabricado também no México (de 1965 até 1974 como DINA Dinalpin), Bulgária (1967 até 1969 como Bulgaralpine) e Espanha (1967 até 1978, sob o nome de FASA A110). Na França, o Alpine A110 foi produzido até 1977, acumulando mais de 7.500 unidades comercializadas durante 16 anos. Soma-se ainda a esses números de produção franceses, as unidades feitas na Bulgária, México e Espanha.
No mundo das competições, o vitorioso Alpine A110 brilhou nas pistas, na terra, no gelo, nas subidas de montanha e nos circuitos de rua. Dentre as diversas provas que o A110 participou, se destacam as várias conquistas no Campeonato Internacional de Fabricantes entre 1970 e 1972 por toda a Europa; a vitória no Rally de Acrópole em 1970; o primeiro lugar no Rally dos Marrocos; a vitória no Rally de Monte Carlo de 1971 (pilotado por Ove Andersson); o primeiro lugar da Volta da Córsega em 1973; o sucesso em edições das 24 Horas de Le Mans; entre outras provas de destaque pelo continente europeu.
Já sob o comando da Renault, o Alpine A110 estreou com sucesso no Campeonato Mundial de Rali de 1973, comandado por uma competente equipe de pilotos composta por Bernard Darniche, Jean-Pierre Nicolas, Jean-Luc Thérier, além de Jean-Claude Andruet, que foi o escolhido para pilotar o pequeno esportivo na prova final do campeonato, no qual o Alpine A110 se consagrou como grande campeão mundial de Rali daquele ano. Uma das mais marcantes vitórias na história da Alpine, provando que o A110 não estava para brincadeiras.
Alpine A310 era mais um passo de sucesso
O A310 foi o primeiro carro oriundo do casamento Renault-Alpine. Atendendo aos anseios do público consumidor, que buscava um carro misto que reunisse de forma ainda melhor a esportividade e o conforto para o uso diário, fatores normalmente antagônicos. Apresentado inicialmente no Salão de Genebra de 1971, o Alpine A310 trazia boas semelhanças com seu antecessor A110: chassi de aço reforçado com carroceria de fibra de vidro, motor 1.600 de 125 hp (SAE) disposto na traseira, configuração de assentos tipo 2+2, suspensões independentes nas quatro rodas, freios a disco, entre outros.
Mas o Alpine A310 se tornou ainda mais esportivo em 1976, com a adoção do motor V6 PRV, que chegou junto com a reestilização de design do modelo. Revigorado no estilo e com novo motor V6 2.7 de 148 hp (SAE), que permitia a esse Alpine chegar aos 220 km/h, o A310 ficou famoso nas competições francesas, principalmente no Grupo 4, além de ter conquistado a vitória no Rally da França de 1977. O Alpine A310 foi fabricado até 1985, totalizando pouco mais de 11.600 unidades feitas durante os 14 anos que o modelo ficou em linha.
Alpine GTA
Enquanto o A310 foi um dos frutos da união Renault/Alpine, o GTA foi um projeto executado pela Alpine com assistência da Berex (Bureau d’Etude et de Recherches Exploratoires), mas totalmente comandado pela Renault. Juntamente com ele, lançado em 1985, foram apresentadas algumas novidades: ainda mantendo a suspensão independente nas quatro rodas, motor traseiro e chassi de aço, sua carroceria de fibra de vidro inovava por ser moldada em várias partes, que no final compunham o carro como um todo. Além disso, o Alpine GTA também era concebido no formato 2+2 ocupantes, mas agora oferecia mais espaço para os passageiros traseiros e já era equipado com algumas conveniências requisitadas pelo mercado, como por exemplo travas elétricas, mostrando seu destaque também para o uso cotidiano.
Com bastante sucesso em países notórios no automobilismo de competição, como por exemplo Alemanha e Suíça, o Alpine GTA ainda mantinha o bom propulsor V6 de antes, mas agora com capacidade cúbica aumentada para 2.850 cm³ e com mais torque, melhorando ainda mais as acelerações e retomadas de velocidade. Além dele, estava disponível também uma versão com motor V6 PRV 2.5 (2.458 cm³) turboalimentado, uma tecnologia amplamente dominada pela Alpine graças ao know-how adquirido na Fórmula 1. O grande diferencial do Alpine GTA era sua carroceria com coeficiente de penetração aerodinâmica (cx) de 0,28, valor muitíssimo baixo até os dias atuais.
Sendo destaque por toda a Europa, o Alpine GTA também estreou o nome da marca francesa no mercado norte-americano em 1986, provando a capacidade de expansão da Alpine. Ao todo, foram produzidas pouco menos de 6.200 unidades somando a mecânica aspirada e turboalimentada, e a última unidade do GTA deixou a fábrica da Alpine em fevereiro de 1991.
Alpine A610
O Alpine A610, na realidade uma evolução do seu antecessor GTA, foi apresentado em meados de 1991 e trazia um união entre conforto e esportividade ainda mais acertada, com uma lista maior de equipamentos, contando com, por exemplo, ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, rádio com comandos no volante, sistema de freios ABS, entre outros. Como forma de dar ainda mais destaque ao seu visual esportivo, o A610 também trazia o sistema de faróis escamoteáveis de série, garantindo ainda mais estilo ao esportivo francês.
Sob o capô do Alpine A610, permanecia o grande e forte V6 PRV, mas que novamente tinha sua cilindrada aumentada, passando a ter 3.0 litros (2.975 cm³) e quase 250 cv. Essa usina de força brilhava tanto nas baixas quanto nas altas rotações, o que fazia do A610 um dos melhores modelos GT da época. Atuando sempre com uma transmissão manual de cinco velocidades, também originária de seu antecessor GTA, o A610 ultrapassava os 260 km/h de velocidade máxima e cumpria a prova dos 0 a 100 km/h em bons 5,8 segundos. Oficialmente, o Alpine A610 deixou de ser produzido em 1995.
Novo Alpine A110: o renascimento do fenômeno
Após o encerramento da produção do A610, em 1995, a Alpine paralisou a concepção de novos modelos, e suas linhas de montagem, na fábrica de Dieppe, deram lugar exclusivamente à modelos esportivos e especiais marcantes da Renault durante pouco mais de 20 anos. Mas isso mudou em meados de 2013, quando a Alpine anunciou o nº 36, carro de competições que brilhou nas pistas de Le Mans daquele ano. Após ter participado de várias provas de Endurance pelo mundo, vencendo inclusive a edição de 2016 das 24 Horas de Le Mans na categoria LMP2, o Alpine nº 36 deu lugar ao A470 que, assim como seu antecessor, foi concebido e é destinado exclusivamente às competições, tendo destaque até hoje em diferentes provas mundiais, como por exemplo a última edição das 24 Horas de Le Mans, realizada em setembro de 2020.
Voltando um pouco no tempo, mais precisamente nos primeiros meses de 2016, a Alpine apresentou o conceito Vision, que já adiantava a maioria das linhas definitivas do que seria, no ano seguinte, seu primeiro carro de produção em série após 22 anos. Lançado oficialmente no Salão de Genebra de 2017, o novo Alpine A110 trazia o mesmo espírito competitivo dos seus antecessores, além de resgatar o nome do emblemático A110 original de 1961. Agora, apesar do motor disposto na posição central-traseira, seu estilo construtivo com carroceria compacta, coupé e concepção 2+2 foi mantido fielmente à tradição dos Alpine desde 1955.
Na mecânica, um motor 1.8 16V equipado com turbo, totalmente aperfeiçoado pela engenharia da Alpine, com modernidades como comando de válvulas duplo no cabeçote e bloco fundido em alumínio. Esse trem de força do novo Alpine A110 desenvolve excelentes 255 cv e 36,2 kgfm de torque máximo nas versões Pure e Legende.
Em meados de 2019, a gama Alpine passou a contar com uma nova versão, batizada de A110S, que passou a ser a mais potente dentre todos os A110: com melhorias realizadas no mesmo tecnológico 1.8 16V turbo, o Alpine A110S passou a entregar 295 cv, ou seja, um aumento de 40 cv com relação aos demais modelos, tudo graças à tecnológica engenharia Alpine. Além disso, a versão S ganhou novos discos de freio mais potentes, com 320 mm de diâmetro e que, assim como o das versões Pure e Legende, é fornecido pela Brembo.
Na transmissão, os câmbios manuais de cinco velocidades, característicos dos Alpine desde os anos 60 até 1995, deram lugar à um inovador automatizado de dupla embreagem com sete marchas, desenvolvido pela Getrag com calibração feita especificamente para o Alpine A110.
Com esse destacável conjunto motor de 295 cv e câmbio automatizado de sete velocidades, o Alpine A110S alcança os 260 km/h de velocidade máxima e cumpre a prova dos 0 a 100 km/h em apenas 4,4 segundos. Esses números, dignos de um esportivo nato, são alcançados graças também à sua moderna carroceria inteiramente estampada em alumínio, resultando em um peso de apenas 1.114 kg na configuração A110S. Assim como os demais modelos de sucesso da história da Alpine, o novo A110 nasceu para brilhar, tanto nas competições quanto no uso urbano.
No cenário competitivo, o novo Alpine A110 tem duas variantes exclusivas para as corridas, batizadas de Cup e GT4, que são equipadas com o mesmo 1.8 turbo das demais versões, mas agora aperfeiçoado para desenvolver ainda mais potência. Além disso, elas contam com uma redução de peso para deixar o Alpine A110 ainda mais arisco nas provas, além da instalação dos equipamentos obrigatórios pela FIA para as competições internacionais.
Além dele, com foco em uma das categorias de competição mais famosas entre o legado da Alpine, em setembro de 2019 foi criado o A110 Rally, que compartilha a mesma base em alumínio com as versões Cup e GT4 e recebe alterações estéticas, mecânicas e de segurança para se adequar as rigorosas provas dos circuitos de Rali.
O poderoso time Alpine na Fórmula 1
Apesar da participação da Alpine na Fórmula 1 acontecer desde 1975, quando a marca francesa criou e desenvolveu o chassi e a integração com a mecânica Gordini do primeiro Fórmula 1 que estreou com a marca Renault em 1977, utilizando a inédita tecnologia turbo, a marca Alpine nunca esteve ligada ao time Renault que disputou inúmeros campeonatos mundiais na modalidade F1. Agora em 2021, a equipe Alpine F1 Team disputa o campeonato mundial de marcas e pilotos da categoria, dando continuidade ao trabalho que vinha sendo realizado pela Renault Sport.
O time, sediado em Enstone, na Inglaterra, mantém a mesma sede que a Renault vinha utilizando, com mudanças nos pilotos: o francês Esteban Ocon mantém seu posto como um dos pilotos do time, e o experiente e consagrado Fernando Alonso, bicampeão mundial de Fórmula 1, retorna ao volante do Alpine F1. Todo o know-how que a Alpine acumulou durante décadas participando de todas as modalidades de competições mundo afora, e iniciadas com Jean Rédélé, fundador da marca, estão concentrados também no time de Fórmula 1, sempre objetivando o posto mais alto do pódio e o desenvolvimento de uma tecnologia que chega ao consumidor dos produtos Renault-Alpine.
“A Fórmula 1 está no coração desta unidade de negócios. A Alpine construiu sua reputação nas competições e inserir a categoria máxima do automobilismo esportivo no coração da empresa é um desafio fantástico. A F1 oferece uma formidável plataforma de marketing, com meio bilhão de fãs em todo o mundo. Isso nos dá uma oportunidade única de construir uma imagem de marca criadora de valor em torno da Alpine. Além disso, a F1 se baseia na engenhosidade e em tecnologias de ponta. O menor detalhe é absolutamente essencial para vencer e este know-how desempenhará um papel determinante na transferência de nossa expertise das pistas para as ruas”, conta Laurent Rossi, CEO da Alpine.
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