Opinião - 03 de agosto de 2021

Mercado automotivo cresce 26%, mas a batata está assando!

Caros leitores, digníssimas leitoras: encerrado o mês de julho, as vendas de carros totalizaram 162,4 mil unidades vendidas, o que representou uma ligeira queda de 4,3% sobre o mês passado,…

Por: Redação
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Caros leitores, digníssimas leitoras: encerrado o mês de julho, as vendas de carros totalizaram 162,4 mil unidades vendidas, o que representou uma ligeira queda de 4,3% sobre o mês passado, quando tivemos 169,6 mil carros vendidos. Se compararmos com o mesmo período do ano passado (julho/2020), rolou aqui um “empate técnico”! Em julho do ano passado tivemos 163,1 mil carros vendidos – o que nos dá uma retração de 0,4%.

A boa noticia de tudo isso é que no acumulado do ano (janeiro a julho), as vendas totalizaram 1,169 milhão de unidades, contra 926 mil sobre o mesmo período do ano passado. Isso gerou um crescimento de 26,2%.

Uauuuu….

Só que não é bem assim….

Esse crescimento no ano é alicerçado ao péssimo desempenho que o setor registrou no período de fim de março até meados de junho do ano passado, onde o lockdown paralisou toda a economia. Já nos últimos cinco meses do ano passado (entre agosto e dezembro) as vendas deslancharam e tivemos um volume médio de 205 mil carros/mês.

E qual é o grande problema deste ano?

O que acontece é que as vendas estão estagnadas! O cerne central é a falta de componentes para a produção de veículos (a desculpa padrão é a falta de semicondutores, mas vamos explicar isso mais para a frente).

Perceba que, neste ano, as vendas de veículos se mantiveram numa trajetória “praticamente flat”. E não existe uma grande sinalização de que haverá aumentos substanciais na produção. O que vem ocorrendo é que algumas marcas foram interrompendo a sua produção ao longo do tempo, sem grandes prognósticos de voltar com uma produção 100%. Por exemplo, o “ex” carro mais vendido (GM/Onix) está com a produção suspensa desde abril e existe a promessa (???) de voltar a ser produzido a partir de meados deste mês.

Ou seja, a batata está assando para a indústria automotiva.

Se a gente fizer aquela conta de padaria e estimar que nos próximos cinco meses faltantes para encerrar o ano, o setor irá vender o mesmo volume médio feito entre janeiro a julho; no final do ano, esse crescimento de 26% (que estamos celebrando hoje) se tornará algo próximo a 2%.

E a grande pergunta de um milhão de dólares é: quando a produção vai se normalizar?

Antes de todos falarem que o estagiário gosta de colocar água no chopp da galera, a verdade nua e crua é: só para 2022 (com sorte).

E aqui o grande problema – realmente – é a falta de semicondutores!

Tudo que as montadoras falam é verdade (não aquela verdade com todos os pontos para se analisar).

Com o avanço tecnológico, seja na parte de segurança, conectividade e afins, cada vez mais os semicondutores fazem parte na produção dos carros. Por exemplo, usando o exemplo do “ex” líder de vendas, a GM divulgou como são distribuídos os semicondutores na produção do ONIX:

E quando a situação degringolou?

Quando a pandemia se iniciou e, logo no começo, houve o lockdown em várias partes do mundo; iniciou-se a paralisação da produção de veículos. E, consequentemente, pedidos da matéria prima foram cancelados.

Um primeiro lado perverso é que os produtores de semicondutores continuaram operando e, mesmo após a paralisação do pessoal de autos, focaram sua produção para o pessoal de informática e telecomunicações.

Aí o pessoal de autos foi para o fim da fila…

Viu? Provavelmente vocês já devem ter lido isso na mídia… Não falei nada do que o óbvio ululante!

O segundo ponto perverso (que as montadoras não falam) é que os semicondutores que estão disponíveis para as montadoras, são alocados para as fábricas que dão os melhores resultados para as matrizes.

Ou seja, hipoteticamente, se a GM (mundial) recebeu um lote de “x” semicondutores, ela vai direcionar para as fábricas que produzem os carros que irão dar o maior retorno à empresa e, consequentemente, aos seus acionistas.

Ainda no exemplo da GM: vocês acham que é mais lucrativo (para a companhia e para os acionistas) produzir um Onix lá em Gravataí (RS) ou algum outro carro lá na fábrica de Detroit?

Tá aí a Ford que não me deixa mentir…

A grande pergunta que o pessoal (montadoras) está fazendo é: Hoje, onde eu estou perdendo menos? Ou: Hoje, onde eu estou ganhando mais?

No caso da GM, mesmo a fábrica indenizando (pela não produção) uma série de elos da sua cadeia, para nós, parece claro que ela vem priorizando a produção de outros produtos em outros lugares ao redor do mundo.

Contundo, o oposto é verdadeiro!

E existem operações brasileiras que são extremamente rentáveis!

Veja o ranking das principais marcas no mercado brasileiro:

Gente… tem marcas que dobraram de tamanho! Que estão tendo crescimento superior a 100%. O grande destaque aqui é que, do TOP 5, quatro marcas são do recém criado grupo STELLANTIS (Citroen – Fiat – Jeep – Peugeot), e o grande “furão” é a CAOA-Chery do Dr. Carlos Alberto “MIDAS” de Oliveira Andrade.

E o que todas elas possuem em comum?

INC E N T I V O S F I S C A I S

Amiguinhos… aqui é onde a porca torce o rabo!

Acreditamos que o exemplo máximo é a fábrica da Jeep. Lá eles não produzem carros… para nós, eles estão rivalizando com a Casa da Moeda, já que (quase na prática), eles produzem dinheiro! O que o pessoal fala a boca pequena é que a construção de todo complexo da Jeep foi um daqueles casos de “presente de pai para filho”. Mas numa escala tipo: Lily Safra presenteando os filhos!

Neste exemplo antagônico ao da GM, temos uma montadora priorizando a sua produção aqui em terras tupiniquins.

Mas, mesmo assim, o problema dos semicondutores ainda irá se prolongar ao longo deste ano, sem uma “grande solução” para o ano que vem!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante
É economista, trabalha no setor automotivo há 14 anos e atua como consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva.

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